quarta-feira

Ação do MPF contra duas universidades pode deixar 30 mil sem diploma

O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou uma ação civil pública com pedido de liminar contra a Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), a Universidade Aberta Vida Sociedade Simples Ltda. (Unavida), o Estado da Paraíba e 16 municípios: João Pessoa, Areia, Campina Grande, Conceição, Guarabira, tabaiana, Itaporanga, Juazeirinho, Lagoa de Dentro, Mamanguape, Monteiro, Nova Floresta, Patos, Pedras de Fogo, Princesa Isabel e Sousa.
Segundo a ação, as duas instituições estariam atuando de forma irregular nessas cidades ofertando curso de nível superior para formação de professores. A ação pede ainda a anulação de todos os diplomas e certificados concedidos pelas duas instituições desde o início da parceria. Neste período, a direção da UVA afirma ter formado cerca de 30 mil pessoas.
Na ação civil pública também consta que a UVA não possui autorização formal para funcionar no estado e ainda estaria realizando a cobrança indevida de mensalidades através de uma parceria com a Unavida, instituição privada. O MPF pede que a Justiça Federal conceda liminar determinando que a UVA e a Unavida deixem de ministrar cursos superiores na Paraíba até que obtenha autorização expressa do Estado, através de convênio, sob pena de multa diária para o reitor no valor de R$ 5 mil.
O MPF solicita ainda que o Estado e os municípios sejam proibidos de ceder ou locar prédios para o funcionamento de cursos, também sob pena de multa diária de R$ 5 mil para cada ato constatado. Atualmente, as duas instituições atendem a cerca de oito mil alunos na Paraíba.
O MPF argumenta que a UVA não está autorizada formalmente pelo Estado da Paraíba para ministrar cursos superiores dentro dos seus limites territoriais, já que pertence ao sistema público de ensino do Ceará e como entidade estadual seu campo de atuação seria restrito às divisas do estado de origem. Desde 2000, a UVA passou a ministrar cursos superiores na Paraíba, mesmo inexistindo convênio que autorizasse sua atuação, como confirmado pela Secretaria de Estado da Educação.
O MPF aponta que a UVA, mesmo sendo instituição pública de ensino superior, cobra matrículas e mensalidades de seus alunos desde sua instalação na Paraíba, burlando a regra do ensino público gratuito nos estabelecimentos oficiais, conforme previsto no artigo 206, inciso IV, da Constituição Federal. Ainda segundo a ação, haveria uso da universidade pública para fins de interesse privado, já que o reitor da UVA, Antônio Colaço Martins, é apontado como proprietário da Unavida.
Além de não ter autorização formal para ministrar cursos superiores na Paraíba, a UVA firmou, em 1º de fevereiro de 2002, ‘parceria’ com a Unavida, uma universidade privada que sequer é reconhecida pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC), com a intenção de fazer com que os estudantes formados pela Unavida passassem a ter seus diplomas expedidos pela UVA, pois, se os diplomas fossem expedidos apenas pela Unavida, não teriam qualquer validade.
Para o procurador da República Kleber Martins, essa prática, apelidada de “incubação” de faculdades privadas por universidades públicas, é ilegal e imoral. A direção da Uva/Unavida informou que ainda não foi comunicada oficialmente da ação, mas que já está preparando a defesa para entrar com recurso. As aulas estão mantidas.
“São denúncias sem fundamento. O estado não tem competência para autorizar qualquer curso de fora, porque ela é pública. A universidade é autônoma e já temos parecer do Ministério da Educação”, defende Cacilda Marques do Rego, diretora acadêmica da Uva/Unavida na Paraíba.
A equipe de reportagem do JORNAL DA PARAÍBA também tentou entrar em contato com a Secretaria de Estado da Educação, mas não obteve êxito. 

Fonte: PB1

DNA para todos. Estamos preparados?

A reportagem da VEJA desta semana (‘DNA Para Todos’, 27 de abril) me chamou a atenção. Ela fala do lançamento do novo sequenciador de DNA a um custo que poderá tornar os testes genéticos acessíveis a muitos consultórios.
Na semana anterior, a revista Pediatrics (18 de abril) publicou uma reportagem acerca da atitude dos pais em relação a testes genéticos na pediatria para doenças comuns de adultos, o que demonstra que esses exames estão se popularizando cada vez mais.
Por enquanto, esse novo equipamento permitirá analisar genes já conhecidos mas em um futuro próximo será capaz de analisar o genoma completo. Descobrir se temos mutações ou variações em nossos genes vai se tornar cada vez mais fácil, mas entender o seu significado não é trivial.
Quem vai interpretar os resultados? “Achei uma mutação no seu DNA, ou na de seu filho, mas não sei o que isso significa” Será que vamos ajudar as pessoas ou corre-se o risco de que isso vire um grande comércio gerando novas angústias, principalmente nos hipocondrìacos? Estamos preparados para isso?
E os pais? Vão querer testar seus filhos? É o que discute uma pesquisa americana recente liderada pelo cientista Kenneth Tercyak , da Universidade Georgetown em Washington.

O que pensam os pais acerca de testes genéticos pediátricos para doenças comuns?

Para responder a essa pergunta, foram entrevistados 219 pais que responderam a um questionário sobre a sua atitude em relação a submeter seus filhos a um teste genético múltiplo para estimar o risco de virem a desenvolver oito doenças comuns de adultos: câncer de colon, pele e pulmão, colesterol aumentado, osteoporose, cardiopatia, hipertensão e diabetes tipo 2. Os pais tinham que decidir acerca dos benefícios versus riscos (ou aspectos negativos) em submeter seus filhos a esses testes preditivos. A enquete mostrou que 51% dos pais eram a favor de testar os filhos .Segundo eles a informação poderia resultar em uma melhoria na manutenção da saúde, prevenção de doenças e outros benefícios pessoais durante a infância e no futuro de suas crianças.

Entretanto o Dr. Tercyak chama a atenção para o que eu tenho repetido constantemente: a dificuldade em interpretar os resultados dos testes genéticos. Segundo ele, um resultado em uma criança apontando um aumento de risco poderia causar reações negativas entre pais e filhos sem trazer nada de positivo.

Quais seriam então os benefícios dos testes preditivos?

É interessante lembrar que uma pesquisa recente publicada na revista New England Journal of Medicine mostrou que os resultados de testes acerca de riscos genéticos em adultos não os influenciaram em aspectos como ansiedade, hábitos alimentares ou atividade física. Ou seja, os autores concluem que a informação acerca dos resultados desses testes genéticos não teve efeito psicológico, comportamental ou clínico nos consumidores, pelo menos a curto prazo. E mais ainda: o artigo comenta que apenas 10% dos médicos nos Estados Unidos têm conhecimento suficiente para entender o significado de um teste genético.

Se os resultados dos testes genéticos não influenciam os adultos, por que testar crianças?

Apesar disso, o lançamento de seqüenciadores de DNA de baixo custo indicam que haverá uma proliferação de testes genéticos para adultos e a tendência é que migrem para a área pediátrica. E se o resultado genético mostrar que seu filho não tem risco aumentado de ter altos níveis de colesterol, obesidade ou hipertensão? Isso garante a seu filho que ele será um adulto saudável e ele poderá então ser liberado para comer de tudo sem restrições e sem praticar exercícios físicos?

Não há contra indicações

Levar uma vida saudável, com uma alimentação balanceada e atividades esportivas, respeitando sempre a vocação e o limite de cada criança, é a receita que deve ser prescrita a todos, independentemente de riscos genéticos. Todo mundo sabe disso. Não há contra-indicações. E se as crianças quiserem, poderão se submeter a exames genéticos quando forem jovens adultos. Portanto, para que os testes de DNA preditivos?


Por Mayana Zatz
Indicado por: Guilhardo Martins
Fonte: Veja / Abril